quinta-feira, 11 de março de 2010

Qeu sjea dcoe

Inspirado no texto de Caio Fernando de Abreu. Uma versão para gordos.



"Então, que seja o que procuro. Todas as madrugadas eu acordo e como se tivesse um espírito me guiando, vou até a cozinha e abro a geladeira. Mas não é espírito coisa alguma, é gula mesmo. Repito como se fosse um morto-vivo atrás de cérebro, ao abrir um pote daqueles de sorvete na geladeira, bem assim: que seja doce; Mas para minha decepção, geralmente o que encontro dentro do pote é feijão. Não sei por que mamãe congela feijão nesses potes. Mas isso não me desanima: sou persistente e todas as noites eu continuo acordando e indo até a geladeira, para ver se encontro algum doce que faça minha serotonina aumentar e provocar ataques lúdico-aleatório no meio da tão silenciosa noite, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce, que seja doce, e assim por diante. Para que então eu possa ir dormir rindo, e em meio um sonho e outro dar aquela gargalhada gostosa espantando todas as energias negativas que ali estão, acordando minha mãe e sobrinhos com um riso tão forte que nem daria tempo de alguém brigar porque começariam a rir junto. Mas, se alguém me perguntasse o que quero encontrar no pote, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada, mas que seja doce enquanto tenho fome."