sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Boceta


Desculpa àqueles que acompanham meu blog e conhecem a minha maneira de ser e escrever se o assunto de hoje pode causar certo desconforto a vocês. Aos meus amigos gays, que são muitos, sei que o desconforto é certeiro, mas peço que não me taxem de vulgar apenas por isso, por que não é bem o que vocês estão pensando. De qualquer forma, garanto que falo agora e calo-me para sempre, mas o assunto não é tão sexual quanto parece. Preciso pedir licença para escrever isso, porque é certo que volta e meia, ao decorrer desse escrito, vou soltar um comentário e outro que pode parecer vulgar, mas isso será necessário para separarmos as “coisas” – se bem me entendem. Quando quero escrever algo e não tenho oportunidade, não tenho um papel e uma caneta ou um computador para realizar tal ato, começo a me corroer por dentro e sentir uma vontade louca de cometer alguma loucura. Sim, sou drástico mesmo. E sou direto também, então vamos direto ao assunto que eu quero chegar: vamos agora falar de boceta. Sim, de boceta mesmo. Esse é o assunto de hoje. Mais atual, impossível.

Lendo “Dom Casmurro”, essa semana, minha atenção se voltou para um trecho do livro, que não sei por qual motivo eu não recordava. Lá em certa altura da obra, Machado de Assis escreve “(...) como ninguém tachou de má a boceta de Pandora”.

Quê?

Eu parei, voltei e li novamente o parágrafo que citava a dita cuja. De nada adiantou. Pensei que em uma dessas, poderia estar com tal parte intima feminina na cabeça e a danada resolveu aparecer naquela página. Mas não. Machado de Assis realmente escreveu claro e conciso, essa frase. Seria então Pandora uma desvairada que deixava seu corpo a mostra para tacharem de boa ou má? Seria ela uma puta? Não, creio que não. Estudei um pouco de mitologia grega e lembro-me, apenas, de falarem a respeito de sua caixinha.

Não me chamaria atenção se tal frase fizesse parte de uma revista pornô ou um livro um pouco mais safado, mas se tratando do grande imortal, fundador da Academia Brasileira de Letras e talvez, o maior expoente da literatura brasileira, o Sr. Machado de Assis, estranhei o fato. Estranhei porque de nada tinha a ver com o assunto até então narrado.

Se fosse, em alguma das perversões de Capitu, até acharia normal, já que “os grandões” da nossa literatura sempre dão um sentido poético às coisas e conseguem descrever bem qualquer sentimento e prazer. E convenhamos, Machado de Assis é mestre, se quisesse, poderia transcrever uma composição erótica da Gretchen que com certeza, quem lesse, ao final concluiria que a beleza que ela conseguiu extrair da letra de Conga La Conga é de uma poesia impar. Mas este não era o caso, a palavra estava lá, parada, fixa e explicita.

Talvez eu não tivesse reparado antes aquela palavrinha nas páginas de “Dom Casmurro” por achar natural, ou quem sabe, por ser muito novo quando li a primeira vez e não me interessar muito pelo assunto - se é que me entendem. Ao contrário de hoje, que li e já imaginei Pandora nua na capa do livro.

Fui procurar uma explicação. Melhor, um outro significado para “boceta”, já que dentro de mim acreditava que Machado, um grande conhecedor da língua portuguesa usou-a no sentido verdadeiro da palavra (que eu desconhecia), portanto, deveria existir outro significado. Mais fácil pensar assim do que já concluir que Machado não passava de um pervertido que enfiava boceta aos quatro cantos do livro – ainda bem que não é o contrário.

Então, fui perguntar a um grande amigo, o Aurélio: o que era boceta? Se Aurélio fosse uma pessoa, com certeza me chamaria de homossexual. Sorte a minha que Aurélio é um dicionário e não me discriminou pela ignorância em etimologia. Aliás, grande parte da população também não deve saber.

Lá estava o verdadeiro sentido de boceta, que não era apenas dar prazer ao homem e às lésbicas. Boceta significa “pequena bolsa”. Na hora eu pensei, “ah, então é por isso que as grávidas dizem que estourou a bolsa”. Pensei que então que elas dissessem isso, para de uma forma sutil, avisar que estourou a boceta. Só que então eu cai na real e vi que não, nenhuma mulher falaria uma coisa assim com tanta naturalidade, até mesmo porque elas lembram disso em qualquer situação, em um almoço, jantar ou até mesmo no ônibus, chega a ser vulgar se pensar desse forma. Então fui mais a fundo (no dicionário, que fique claro!) e li a alusão que fazem com a Caixa de Pandora, chamando-a também de Bolsa de Pandora. Pronto, tudo explicado, aquilo me uma luz (to falando luz no sentido de idéia, não no sentido de saírem coisas pela “bolsa”, se é que ainda me entendem).

Caixa de Pandora, Bolsa de Pandora e Boceta de Pandora era tudo a mesma coisa. Resumindo, uma bolsa pequena, é chamada de boceta. Porque não “bolseta”? Seria mais fácil identificar sobe o que se trata, porque convenhamos, Machado que me desculpe, mas dessa forma o senhor só confunde a cabeça das pessoas (me refiro à cabeça de cima, mesmo que o assunto principal esteja mais relacionado com a de baixo, se é que mais uma vez vocês me entendem. Pior que isso, é o diminutivo de “rua”...

Para quem não sabe, a tal Boceta de Pandora, que eu só conhecia por Caixa de Pandora é uma referencia à mitologia grega. Pandora, a primeira mulher, recebeu de Zeus uma caixa onde estavam guardados todos os males do mundo. Eu sempre achei que essa história tinha um duplo sentido, uma mensagem subliminar, sabe? Agora, mais do que nunca tenho essa certeza! Antes eu desconfiava dessa história, porque minha mente poluída sempre pensava em sacanagem quando ia pra “segunda” parte da história, que é quando Pandora se casa e bruscamente seu marido “abre a caixinha”. Sempre associei isso à virgindade e ao sexo, ainda mais que o nome do grego era... adivinhem qual era... não, não era Zé Mayer, era Epimeteu. Prestaram atenção? Fizeram a separação de silabas? Pois bem, foi aí que Epimeteu...

Quando Epimeteu meteu a mão lá (ou qualquer outra coisa, que não vem ao caso agora) e abriu a caixa de Pandora, todos os males escaparam, espalhando-se pelo mundo. No fundo da caixa, restou apenas a esperança. Aí vem aquela história de que todo o mal vem da mulher, ou então, na minha adaptação, que depois que o homem descobre o poder da “caixinha da pandora” (sim, to falando entrelinhas) ele se ferra e se torna dependente dela, motivo pelo qual as mulheres dominarão o mundo, já que possuem o objeto mais procurado da face da terra. Um dia, o ouro há de se acabar, já as... bom, vocês não são bobos e entenderam.

Um pouco de cultura faz bem a todo mundo. Eu precisava compartilhar essa descoberta com vocês – não da boceta, mas sim o fato d’eu estar achando que Machado de Assis era um pervo e safado que se confundiu ao diagramar seu texto, com “trocas de palavras” que ninguém ainda havia visto. Já tava doido pra fazer uma correção em “Dom Casmurro”, imagine que honra, eu, morando em uma casa sem portão, corrigindo o grande mestre. Mas não foi dessa vez...

Bom, deixem-me voltar a minha leitura, se eu descobrir mais alguma palavra até o fim do livro venho aqui compartilhar com vocês, assim como fiz hoje com a boceta – se tem alguém lendo só esse parágrafo e não sabe sobre o que esse post se trata, só digo uma coisa, não, eu não estou de falando de surubas e menages, não to compartilhando nada disso.

Ai, deu desse assunto. Deixa esse assunto ir dar. Vou continuar a ler, quero ver dessa vez descubro se Capitu realmente deu ou não deu sua bolsa no diminutivo para o amigo de Bentinho...


p.s: o diminutivo de rua é “ruela”.

p.s 2: a foto do inicio da postagem eu peguei com o Robson, e amigos mente poluídas, é apenas um abajur.

p.s 3: continua em promoção nas lojas Americanas.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Profetizando

Se o mundo não acabar em 2012, uma das possíveis manchetes que veremos no futuro será:


MULHER MELANCIA GANHA CIRURGIA DE REDUÇÃO DE ESTÔMAGO EM PROGRAMA DE TV


E vai ser no novo Programa do Gugu! Ou no da Sônia Abraão? Que seja, qualquer um dos dois fazem esse tipinho. E com certeza até lá ela já vai ter feito muitos filmes (alguns pornôs), muitas dietas, vai virar evangélica, vai participar de A Fazenda, gravar cd’s, participará do "Qual é a música?" e tudo mais que essas sub-celebridades instantâneas fazem que duram a eternidade dos programas "B". E que o povão aplaude!


Êta Brazil!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Brilhos de Natal? 2012?


No post anterior, há cinco minutos atrás, falei do Papai Noel, que era lindo e tal. Falei também que o evento foi mal organizado... só que isso não basta, notícia quentinha (e põe quentinha nisso).

Ele pegou fogo e acabou.

Moral: nunca deixe pra fazer amanhã o que você pode fazer hoje. Quem não quis ir na inauguração porque ia ter muita gente, não vai mais ver. Quem não quis tirar foto ontem com aquela chuva, pra esperar um dia ensolarado, também nunca mais vai tirar. A vida é assim.

Pois é minha gente, Brilhos de Natal... como disse o tio Piriquito, um natal como você nunca viu antes!



p.s: eu juro que não tenho nada a ver com isso. Disse por acaso que um dia acabariam destruindo ou pondo fogo. Na real, acho que eu dou azar. Fui ver ontem o Brilhos de Natal e se transformou em Fumaças de Natal. Ô vidão...

Vídeo dele pegando fogo:


Triste ver que isso aconteceu. Era um lindo investimento, com certeza foi bem caro e não tinha seguro. O espiríto natalino é mágico, precisamos disso em Balneário Camboriú. Espero que com forças a Prefeitura não se deixe abalar e continue investindo na linda decoração de Natal aqui em Balneário, que não víamos há anos. É importante para as crianças e para o turismo.

Os bombeiros ainda não sabem afirmar a causa do incêndio, mas explicaram que a estrutura, feita de papel e algodão, facilitou a ação do fogo. Em cinco minutos toda a estrutura foi consumida pelo fogo.

Di
a 05 tem a inauguração da Casa do Papai Noel (que antes tinha um apê no Edificio Joelma) e da Fábrica de Brinquedos (inspirada em Roma, quando Nero estava por lá). Claro que eu não me arrisco em ir nessas inaugurações, mas fica o convite pra todos. Pra todos que tem coragem.

Piriquito brilha no Natal

Não costumo ir a eventos públicos (inaugurações e afins) e nem ver crianças se apresentando, por mais que seja minha sobrinha, eu sou desnaturado e não costumo ir mesmo.


Ontem, como houve uma junção dos dois, eu fui. Inauguração do Papai Noel de 15 metros na Praça Tamandaré e inicio do tal “Brilhos de Natal”, onde as crianças do coral cantaram músicas natalinas. Entre as chicas, estava minha sobrinha Larissa. Linda.


Eu não lembrava que 15m era tão grande. Ficou lindo aquele velhinho barbudo na praça! Só acho que deveriam ter deixado ele pronto para inauguração, e não deixar pra terminar de pintar as botas dele lá na hora.


Esse é o tipo de construção que se não cuidar, um dia os vândalos acabam destruindo, escalando ou pondo fogo.


Não gosto de eventos assim por causa muvuca que se forma. Aquele monte de gente me dá fobia. Pessoas gritando, suadas e de regata me dão nojo. Já deu pra perceber que não sou muito chegado em um agito, né?


E querendo ou não, um evento público é sempre invadido pelo “povão”, que na maior parte não tem educação e admiram sua própria ignorância. Mas não era só o povo mal-educado, o prefeito também pisou na bola.


Quando o chamaram para discursar, além de todos os milhares de agradecimentos e babações de ovo, ele não parava de falar. Falava de mais. Antes fosse se ele só falasse, mas ele gritava. Atuava.


Todos sentiam a “atuação” porque ninguém é bobo de acreditar que alguém fica tão empolgado e histérico daquela forma pelo simples fato de inaugurar um Papai Noel.


Então o povo não agüentava mais. E pra ajudar na noite-apocalíptica-do-evento-municipal o tempo estava fechando. Pareciam as gravações de 2012: aquele homem berrando, as pessoas ansiosas, trinta crianças do coral esperando pra cantar e o céu avisando com relâmpagos “vai chover aêee”.

Então, naquela aflição, os pais começaram a gritar “coral, coral, coral” para que ele encerrasse o discurso e deixasse seus filhos cantarem.


Não adiantou de nada, a única coisa que fez o prefeito cair em si foi a chuva que começou a cair nele. Muita chuva. Muita.


Então ele saiu, e as crianças, embaixo daquela aguaceira, começaram a cantar algo do estilo “Noite Feliz”. Ironicamente. Que estava mais para “Noite Fiasco”, porque pra ajudar, deu problema na parte elétrica, deu um estouro, todas as luzes da praça apagaram e desligaram os microfones, caixas de som e afins.


Pronto. Todo mundo achou que o mundo ia acabar e saíram correndo, inclusive as crianças do coral.


Achei de extremo mal gosto o prefeito estender o seu discurso daquela maneira vendo a chuva que estava por vir. Principalmente pelas crianças e pelo outro coral que ia se apresentar. Ele queria roubar a cena. Aliás, essa é atitude mais comum entre os políticos.


E não deu outra!

[momento Drummond]

começou a chover,

as crianças se molharam,

não se apresentaram,

a luz apagou,

a festa acabou,

o povo sumiu

e só ele falou.

E agora, Prefeito?

Que falta de consideração.

Que feio.

domingo, 15 de novembro de 2009

Mrs. M

Meu vô, pouco antes de morrer, quase não conseguindo falar, pedia pra falar com a “Ma...” e não completava o nome da pessoa.


Minha vó não sabia o que fazer. Chamou minha mãe, a Maria, com esperança de que uma conversa com ela fosse a vontade do meu vô. E foi.


Na verdade, se foi mesmo eu não sei e vou morrer sem saber, mas logo ele partiu... Melhor acreditar que sim, que essa era sua última vontade, porque são a partir dessas histórias que giram as melhores conversas de família!


Agora sendo realista, até hoje não entendi como ela chegou nessa conclusão, achando que “Ma...” era minha mãe, já que o nome de suas outras filhas são Marlene, Marizete, Maristela, Marli e Marlete! E como meu vô só chamava pela primeira sílaba, como adivinhar?


Deve ser tradição de família essa coisa dos filhos terem o nome com a mesma letra. Minha mãe, nos filhos dela, colocou: Rodrigo (eu), Renata e Rogério. A casa do R.


Na foto está eu e meu vô:


Eu, que na época estava com sete anos e meu vô [comentário censurado pelo meu irmão - e removido]

sábado, 14 de novembro de 2009

Custo da coragem

Essa semana eu fiz minha inscrição pro vestibular da Univali. Estava em dúvida na escolha do curso.... Então pensei: Se eu não sei o que fazer, porque não escolher jornalismo? Depois, se não conseguir emprego, culpo o Sistema e digo que é porque caiu o título! Fácil, né? Pra um vagabundo como eu sim.

To brincando, também não é desse jeito. Posso não saber o que quero fazer, mas sei em que área quero atuar. Esse é o mais importante. O que eu realmente quero fazer, bem na real, vou morrer sem saber, porque de uma coisa eu tenho certeza, seja lá o que eu escolher, vou querer mais que aquilo, vou querer fazer de tudo um pouco.

O jornalismo é uma junção de assuntos que me interessam: comunicação, literatura, cinema, política, etc. Tudo em um só.

Acho que eu sou uma das poucas pessoas que quer fazer um curso apenas por prazer, por paixão, sem pensar no retorno financeiro. Sei da atual situação do jornalismo no Brasil e no mundo, se fosse uma decisão inteligente e racional, com certeza não seria esse curso o escolhido, mas a minha intenção, antes de qualquer coisa, é aprender. Estudar algo que eu gosto. Ser quem eu quero ser.

O jornalista pode até atuar sem formação, o fundamental é ter talento para aquilo, mas quanto mais conhecimento e cultura essa pessoa possuir, mais chance de seus escritos terem uma qualidade maior. Se não vencer pelo talento, venço pelo esforço.

Não me vejo atuando no campo do jornalismo. Na real, nem quero. Pretendo ter a minha profissão e no tempo que me sobra, dedicar à arte. Esse é um pensamento racional, porque querer viver de arte é pedir pra morrer de fome. São exceções que se dão bem, e quando queremos algo, é melhor pensar que não somos a exceção para mais tarde não se decepcionar.

O ideal é fazer como o Bonner: primeiro, você se torna um profissional exemplar e bem sucedido, então depois passa as tardes na internet (twitter e afins) e não ao contrário, como eu. Claro que depois não precisa ser tão viciado quanto o @realwbonner...

Além do vestibular, tentei o processo seletivo (que nada mais é do que as vagas que sobraram sendo disputadas por quem não conseguiu passar ou não quiseram tentar o vestibular). Uma iniciativa admirável das faculdades para com os estudantes? Nem tanto, só se for pro bolso da Universidade.

Mas isso não importa, só quero começar o curso. Desculpem o termo que vou usar agora, mas o vestibular é... não, não vou usar o termo, vou falar entrelinhas: ele é como aquilo que as pessoas fazem nove meses antes de nascer um bebê: não importa a posição, o importante é entrar.

Cara nova

Fiquei com o blog uns dias fora do ar pra dar tempo ao tempo e criar outro com mais calma. Esse é o resultado. Espero que gostem.


Aos poucos vou postando coisas novas e reeditando alguns textos antigos, para deixá-los todos reunidos em um só lugar. O antigo endereço, “Dopamina”, deixem por lá, vai ficar bloqueado até que me dê outra crise virtual existencial.


Para o título me inspirei no poema de Drummond, “E agora, José?”, que declamo quando estou bêbado. Mentira, nunca declamo e nunca me encontram bêbado!