sexta-feira, 14 de maio de 2010

Novelas



Adoro novela e tudo que envolve a teledramaturgia. Além de ser um dos nossos principais produtos de exportação, é responsável pela união do povo, pela sintonia brasileira, por falarmos a mesma língua e por criar dicussões sobre diversos temas. Como disse Aguinaldo Silva numa entrevista, são nelas que encontramos o verdadeiro retrato e história do país, de todas as épocas, a novela está para o Brasil assim como os seriados estão para os EUA.
Novela é informação. É literatura. São vários livros escritos durante todos esses meses. Cerca de 32 páginas por dia que o autor tem que desenvolver. É preciso ser muito criativo pra levar uma boa história ao ar. E os autores que fazem sozinho? Não é de admirar? Gloria Perez escreve sem colaboradores, do inicio ao fim, só ela! Pensem na responsabilidade! Como se não bastasse essa tarefa, em sua última novela, além de apresentar a cultura de outro país para MILHÕES de pessoas, ela ainda descobriu um câncer, e entre uma quimioterapia e outra levou a novela até o fim. E foi um sucesso, tanto que trouxe o primeiro Emmy para o Brasil!
É fútil? Depende do que você entende por futilidade e de como você interpreta aquilo que assiste. Novela é cultura, mas não dá pra viver só dela, a pessoa tem que passear em todos os campos... livros, cinema, etc... e novela também. É entretenimento. O mundo precisa SIM de futilidade, na medida certa, quem só lê Fernando Pessoa fica chato. Isso é sério. É uma coisa que constatei, a pessoa começa a escrever difícil, cheio de vírgulas, tudo com poesia... aaaai, é um saco. Jogo pela janela! Não venha ser abstrato comigo! Não transformem tudo em poesia, é sério, não é legal... é bonitinho de vez em quando, mas sempre? Enjoa! E você não quer ser uma pessoa enjoada, certo? Transforme o tédio em melodia, isso sim! Mas tudo em versos e prosa não. Não me venha falar que foi no mercado comprar verdura em forma de soneto que mando pra puta que o pariu!

A vida que não viveu

Hoje acaba “Viver a vida”. Desde que essa novela começou eu pensava: que pleonasmo esse título, por acaso existe “morrer a vida”? Se está vivo, está vivendo, ora!

Mas depois desses meses de novela mudei meu conceito. Os personagens não “vivem”, apenas “existem”, é diferente. Tão diferente quanto “ver” e “enxergar” e “escutar” e “ouvir”... agora o título me parece irônico, o que eles menos fizeram nessa novela foi viver, foi tudo muito parado, tudo muito tranquilo, muito insosso. Os personagens esqueceram de viver... ou melhor, o autor não deu vida a eles. Pior que o último capítulo, hoje, terá 80 minutos. Penso eu: o que falta acontecer? Será que tudo que não aconteceu até hoje vai ao ar nessa final? Talvez essa seja a melhor justificativa...

Uma pena que foi assim, adoro as novelas do Manoel Carlos, mas essa, definitivamente não parece escrita por ele... espero que a próxima, se tiver (já que ele sempre diz “que essa será a última”) ele volte a ser como era, porque é uma pena ver essa falta de agilidade e monotonia numa trama dele.

E que venha “Passione”, do sempre genial Silvio de Abreu! Sinto um clima bem cinematográfico pelas chamadas... vi algumas gravações no Projac e gostei do espírito da equipe.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Mãe

Hoje é aniversário da minha mãe! Desejo tudo de bom, hoje e sempre. Toda felicidade que houver nessa vida porque merece. Sei que ela não vai ler isso aqui... no pc ela só sabe jogar Show do Milhão... haha :)

São 1066 km de saudade. Mas não importa. O coração é como se fosse ali. Dia das mães e aniversário na mesma semana não é facil! Se estivesse lá em Balneário Camboriú com ela eu seria tipo filho de lésbicas: teria que comprar dois presentes.

Pelo menos eu não sou o ovo... tadinho, dá uma dó dele nessa foto né?


sexta-feira, 9 de abril de 2010

Anja Má

E um beijo pra minha amiga Marcele, que fez essa minha foto de santo, pra debochar da cara de padre que eu sai.

Sim, pra quem não entendeu, a idéia da foto é que eu "lembre" um santo, e não o Kiko, ok?

São


Bom, para quem não sabe, no céu estão com uma campanha para novas canonizações. Tipo BBB. Vários candidatos são escolhidos e a cada semana um é eliminado, até que no final deste reality show comandado por Deus, o vencedor vira santo.

Pois bem, me candidatei. Aqui no céu é tudo muito divertido, me sinto nas nuvens. Essa foto aí em cima já faz parte do marketing, sabem né... hoje em dia até o Vaticano precisa de publicidade e propaganda. A Casa do Senhor não seria nada sem os marqueteiros que estão aí, há mais de dois mil anos, colocando-a na mídia.

A escolha aqui não é feita por votação, fica difícil atender ligações de tantos fiéis, então ganhará o santo que receber mais orações. Por isso eu vos peço: reze. Isso mesmo. Reze para mim.

Prometo realizar todos os seus desejos, e olha que não são promessas saindo da boca de um político não, aqui é boca santa. Mais poderoso que o gênio da lâmpada do Aladim! Sou mais casamenteiro que Santo Antonio, pego mais dragão que São Jorge e encontro tudo o que você estiver procurando, mais rápido do que o Google e o São Longuinho juntos!

Infelizmente tenho que denegrir a imagem de outros santos para me sentir superior, aqui em cima a inveja rola solta e a concorrência é muito grande Todo mundo passa por cima de todo mundo. Além da participação no reality show, temos também um cachê celestial a partir de nossas comissões por milagre, por isso insisto tanto em que rezem pra mim.

Sem contar que sou santo brasileiro, é hora de valorizar o que é nosso. Brasil, um país de todos, não é? Pois bem... e sou catarinense! Amigos de SC, já aviso vocês que seu pedido será atendido muito mais rápido do que se fosse para qualquer outro santo, por eu ser daqui, ele será canalizado mais rápido. É muito mais prático, direto e fácil.

Muitas vezes você se pergunta “por que aquela minha prece não deu certo?”, se deprime por não ser ouvido naquela oração, não é? Vamos amigo leitor (momento JoãoBidu), assuma esse sentimento que está aí dentro. Quer saber por quê? Eu te digo: é porque sua mensagem nunca chegou aos ouvidos do santo! Isso mesmo. Por isso você se deprime. É uma burocracia danada pra chegar até Guadalupe, Fátima, Assis, etc. Não entendo essa mania de ouvir música internacional e rezar pra santo estrangeiro. E ainda quando eles recebem o seu pedido, é cobrado taxas, que voltam pra você em forma de carma, como se fosse um castigo... e depois você não entende porque sofre tanto nessa vida. São os tributos, os impostos divinos que voltam pra você. Já rezando pra mim você não tem esse problema, nem precisa esquentar a cabeça com taxas, alfândega e nem pedágios!

Se Deus é o caminho, eu sou o atalho para você chegar até ele (e o Edir Macedo é o pedágio, claro). Não caiam no conto do Edir, ele só quer seu dinheiro macedo...

Se eu não ganhar a beatificação aqui, tento a vida de outra forma, viro ator, modelo... ou tento ir para outra emissora, ops, quis dizer, Igreja. Isso, em outra Igreja... até já peço para aqueles que querem tratar de assuntos divinos-comerciais falarem diretamente com meu empresário. Isso mesmo, empresário, agora vai dizer que santo também não precisa? É ruim hein, a concorrência tá grande e quem bobear é expulso do Paraíso. Estamos com ótimas promoções para novos templos... afinal, são Pequenas Igrejas, Grandes Negócios.

É isso aí gente. Na hora do desespero, daquele aperto, daquela turbulência no avião, já sabem: rezem pra mim. Precisamos mostrar que santos brasileiros podem fazer a diferença. Aqui em cima temos duas, a Paulina e a Aparecida. A Paulina na verdade é italiana, e a Aparecida, coitada, foi achada num rio, é branca, mas por conta do barro teve que se acostumar a ser chamada de “santa negra”.

Vou indo lá por que a Aparecida, que adora se aparecer, preparou pra mim um bife com batata frita dos céus (literalmente). Não pensem que aqui em cima não existe racismo, a coitada sofre com o preconceito sim! Assim chegou, meio perdida, sem cabeça (literalmente) ganhou um cargo menos favorecido do Todo-Poderoso (que não é o Jim Carrey). Ela cuida da cozinha... mas se Deus quiser (e estamos tentando fazer com que Ele queira) logo isso vai mudar, e assim que entrarem mais santos negros com o projeto de cotas, vamos exigir igualdade. Mas sabem como Ele é enrolado né... dizem que é brasileiro... se for, tá explicado!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Falta tempo pra ser você



Estamos passando por dias estranhos. Ano passado, de todos os amigos, ouvi: “Nossa, como o tempo está passando rápido”. E está mesmo. Não é estranho? Eu noto, nitidamente, que os dias estão passando rápido demais e quando vemos já é Páscoa, já é Natal, Ano-Novo e tudo começa de novo, e de novo, e de novo, e nunca termina ao mesmo tempo que nunca começa, como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a vida.

Nunca começa por que o povo parece sempre esperar por algo, a espera da vida engrenar, quando que ela já está passando, aí. Os dias mal começam e já terminam, não temos mais manhã, tarde e noite. Logo se vai. E amanhã parece que não houve o ontem, e assim por diante, parece que perdemos a memória. Que loucura!

Tudo, absolutamente tudo, nos dá a sensação que quisermos: ou de que determinada coisa aconteceu há pouco tempo ou que essa mesma coisa foi há anos, tudo depende de como você pensa.

E o problema é que sem a sensação da passagem dos dias, vivemos num interminável presente, sem passado e sem futuro. Boiamos nisso.

Os dias passando rápido demais me assustam. Muita gente se acomoda e não vive, fica sempre na mesma... logo vai morrer, e não ter história pra contar quando chegar no céu. E o impressionante, é que não é nenhum fenômeno da natureza, não podem nem acusar o aquecimento global por deixar os dias mais curtos, pq nosso relógio está aí, passando as mesmas vinte e quatro horas por dia como faz há séculos! O que mudou não é a hora, somos nós.

O mundo está cada vez mais prático, com mais tecnologia, com muitas coisas que tiram o “trabalho” do homem, logo pensamos, são coisas para deixar nosso dia-a-dia mais leve, mais simples. Ledo engano, se pensávamos que com tanta tecnologia teríamos menos trabalho ao deixar as tarefas pra máquinas, iphones, aparelhos industriais, etc, estávamos enganados. Cadê essa tranqüilidade, cadê essa paz tão sonhada por nossos antepassados?

Não existe essa a paz. A tecnologia não veio para aliviar, ela veio (e continua vindo) para nos tornar escravos. Não, eu não tô dando uma de moralista ou recriminando, imagina, isso seria retrocesso! É coisa de careta que prefere vinil. O assunto é outro: não sentimos a passagem do tempo pq quanto mais tecnologia, nossos dias precisam de mais horas pra ter tempo de fazer tudo. Nos ocupamos mais. Não faltam opções.

Estamos sempre aquém de alguma tarefa... de botões, de conexões, de pílulas, orkuts e ninguém mais senta no sofá pra pensar na vida, não vê mais as velhas e amareladas fotos antigas que nos davam a sensação de passado e mostravam a diferença para o presente, fazendo-nos pensar em como seria o futuro... Não filosofam mais no silêncio da madrugada... Perdemos essa essência, esse costume, essa tristeza e essa melancolia que fazia nos situar no presente. Não sobra mais tempo.

Às vezes eu gosto de ficar e sair sozinho, gosto de solidão, ir ao teatro, cinema, viajar sem ninguém, pelo simples fato de estar comigo mesmo, de pensar, de poder ter tempo. Não por egoísmo, mas por me fazer sentir no presente. Do contrário, o tempo passa e você não sente. Estamos sempre aquém de algo.

Tudo deixamos pra resolver amanhã. Mas o amanhã não é diferente, é igual o hoje, por isso que digo: vivemos num enorme presente. Sem passado e com um futuro que não pára de chegar. Estamos sempre correndo, mas correndo pra onde e por quê? Eu, aqui no Rio, vejo o tempo voar de tal forma que não entendo. Faz pouco mais de um mês que estou morando aqui e parece uma eternidade (não no sentido negativo da palavra, no sentido real, de eternidade, eterno, longo tempo) e vejo tudo como um presente interminável, sem conjugação de tempo. E ano passado foi a mesma coisa. Quem discorda de mim ao dizer que 2009 voou?



sábado, 3 de abril de 2010

Big Brother Brasília

Certa vez, quando perguntaram à Rita Lee o que ela pensava sobre o BBB, deu a idéia de que deveriam confinar os políticos numa casa. E sabe que não é uma má idéia?

Aliás, é uma ótima idéia! Qual melhor forma de conhecer quem eles realmente são, fora do horário político, do que no dia-a-dia? Ver o Serra acordando todos os dias, como reage às criticas dos colegas, o que gosta de fazer, o que realmente planeja? Pensem como seria interessante, todos, discutindo os seus programas de governo, sem mídia, sem assessores e nem marqueteiros!

Quem iria pro quarto branco? Como serial a frieza em indicar um colega pro paredão e depois abraçá-lo na sala? Pois é essa a tão famosa cara de pau dos políticos que nós conhecemos; a simpatia na hora da eleição, e a rejeição ao povo quando já estão no poder!

Precisamos ver isso explicitamente, colocando-os cara posta na TV, sem máscaras, sem discursos ensaiados, só no rebolation mesmo.

A Marina Silva seria a responsável pelo jardim, isso é claro, ecológica do jeito que é... o Ciro Gomes levaria uma foto da Patrícia Pillar, toda vez que ela aparecesse na tela, quando ele tivesse na berlinda, mandaria milhões de beijinhos doce. Tal como a Flora.

É oportunidade única para o público realmente colocá-los no paredão. Acabaríamos com o enfadonho horário político e conheceríamos o verdadeiro caráter de todos eles!

E as provas? Imaginem, pra ser líder, montariam uma bancada cheia de dinheiro e teriam que ficar ali, em volta, sem poder tocar! O que roubasse menos seria líder da semana! E com o tempo, o público ia eliminando um a um, até o finalista, receber o maior cargo político do país!

Ah, que delicia de programa! Logo surgiriam os conflitos internos, Dilma e Marina brigando pelo Serra, Patricia Pillar vido à mídia e posando nua com ciúmes do Ciro Gomes, aqueles candidatos menos conhecidos sendo eliminados logo no inicio, ninguém podendo esconder dinheiro na cueca porque apareceria tudo no banho...

E aqueles que não conquistassem o cargo, tentariam a vida de outra forma, assim como os “brothers” que não ganham o “um milhão”. Posariam nus, tentariam a vida como ator... aliás, ator é uma boa... já que estão tão acostumados a representar!

Ah... salve, salve nave!

Sintam a ironia

Para assustar um pouco vocês, no meu último post falei que o mesmo público que elege os vencedores do BBB, independente da filosofia, é o responsável por escolher o presidente do país. Como eu disse, "independente da filosofia". Meses atrás li uma entrevista que Kleber, o Bambam, vencedor do primeiro BBB, concedeu à Gabriele Jimenez, naquele espaço que geralmente é dedicado aos papos de Heloisa Joly (talvez a melhor jornalista da Veja).

Segue pra vocês:


"Lula também não era levado a sério"


Vencedor da primeira edição do Big Brother, Kleber Bambam
decidiu expandir seu horizonte profissional. Além de se apresentar
como ator, cantor e empresário, ele pretende iniciar carreira na
política. Negocia sua filiação ao PTB


Bambam: o cunhadão já tem vaga no gabinete dele


Por que você decidiu tentar a carreira política?
Tenho amigos vereadores, deputados e senadores. Eles sempre me chamam. Agora, com 31 anos, estou maduro, aprendi bastante em vários segmentos. Este é o momento!

Quais são as bandeiras do PTB?
Ainda não sei... Mas o importante é levantar a bandeira do povo, porque o povo precisa, né?

Quais são as bandeiras do povo?
Várias. A saúde é relacionada com a educação, que é relacionada com o esporte e vice-versa, entendeu? Quando eu me filiar, a equipe vai estudar qual vai ser o foco.

Quem está na sua equipe?
Meus sócios. Sou sócio de uma rede de autoescolas. Além deles, tem o meu cunhado, junto com o sócio dele.

Sabia que político não pode contratar parente?
Eu ainda não contratei. Ele é meu cunhado, pô, falo com ele toda hora.

Você acha que terá muitos votos?
Se todo mundo que votou em mim no Big Brother votar de novo, vai ser bastante, né?

Como você vê a política brasileira?
Tem de dar uma melhorada, mas não é tão grave assim. Só o que não tem solução é a morte.

Os eleitores vão levá-lo a sério?
Isso é relativo. Lula também não era levado a sério e, hoje, é presidente da República.

Então, você poderia ser presidente?
Taí uma coisa a se pensar. Dizem que depois que você entra na política não quer mais sair. É um mundo bacana.

[Conversa com Kleber BamBam, Revista VEJA - Edição 2128]

* * *

Não vou comentar mais nada. Deixo a conclusão com vocês. E uma foto da Regina Duarte, pra dizer que "tenho medo". Beijo.